
POR : MARLUCIA BARBOSA
Samba do Approach
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferry boat
Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um insight...
Zeca Baleiro
Seria maravilhoso falar a língua portuguesa na sua essência. Há um exagerado emprego de estrangeirismos em nosso cotidiano. A "última flor do Lácio" corre sério risco, estão assassinando a língua portuguesa, o samba, tão nosso de cada dia, é prova dessa barbárie.
A priori não quero culpar ninguém pelo uso exagerado de tais palavras.Ab aeterno o brasileiro vem lançando mãos de tudo que lhe cai aos olhos, ou seria aos ouvidos? Existe um forte affaire entre o Brasil, USA e Europa. Não se passa um final de semana sem coca cola, pizza, hamburger,um passeio de bike à beira mar. Sem falar que tudo isso deve ser desfrutado usando um look blue jeans, da coleção prêt-a-porter daquele shopping badalado e point da galera up.
Para os mais religiosos, um show gospel é uma boa pedida para fechar com chave de ouro o fim de semana, aliás, se houvesse um happy hour gospel, muitos desses religiosos se tornariam habitué das famosas praças de alimentação desses enormes centros comerciais - se me permite assim chamá-los.
Preciso fazer um break e pedir desculpas aos mais tradicionais, não quero fazer nenhuma mise-en-scène, mas é dificílimo não fazer um mix de palavras. Não pensem que estou fazendo merchandising dos estrangeirismos;também sou contra e não gosto de abuso e, digo mais, gosto de frequentar points onde se expressam a pura língua de Camões.
Aliás, o meu slogan sempre foi em favor da cultura tupiniquim mesmo, não me envergonho do status brasileiro, mas, às vezes, um tour pelas novidades da língua ajuda a diminuir o stress.
E por aí vou eu, "caminhando e cantando e seguindo" meu caminho, mas sem deletar por completo a avalanche de novidades que dia-após-dia é introduzida, pela midia em nossos ouvidos, ou em nossos olhos? Ainda não sei responder tal pergunta.
Para não ficar só em minhas palavras, termino com as palavras sábias do professor Mattoso Câmara que dizem: "O estrangeirosmo não é um mal em si mesmo". O must está em não permitir abusos e quem não se comunica se estrumbica.