domingo, 2 de setembro de 2007

Linguagem da Internet



Por ; MARLUCIA BARBOSA

A comunidade escolar, nesse início de século, tem deparado com novas tecnologias na educação. Muitos professores estão totalmente perdidos diante de tanta tecnologia, que tem interferido no trabalho pedagógico.

O professor não pode repelir as tecnologias e nem ficar fora do processo. Deve, sim, fazer uso dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o acesso e o controle das tecnologias e seus efeitos.

Faz-se necessário, nesse momento, que o professor reflita sobre sua ação escolar e elabore projetos educacionais com a inserção das novas tecnologias da informação e da comunicação.

Temos deparado com professores de Língua Portuguesa que têm uma antipatia gratuita com relação à linguagem da Internet, chegando a demonstrar enorme resistência. Porém, acredito que essa resistência, por parte de alguns professores, é muito mais pela inovação da metodologia de suas aulas de língua portuguesa.

Para ensinar a língua portuguesa, o professor deve considerar como objeto de estudo os textos produzidos por pessoas que dominam a leitura e a escrita. Os textos são a síntese de toda a produção cultural da época em que vivemos, e a escrita da Internet faz parte dessa nossa produção nesse momento.

Na escrita em ambientes como MSN, blogs, flogs, ICQ, e e-mail, percebe-se mais o uso de abreviaturas. A maior quantidade delas pode estar ocorrendo por causa da transferência do diálogo cotidiano para a esfera eletrônica. Sem esquecer que a essa escrita alia-se as características não verbais ( emoticons, imagens, etc).

Embora seja válido considerar e valorizar a linguagem usada na Internet, vale, também, lembrar aos alunos que essa forma de escrita não pode ser aceita, pelos professores, em provas e trabalhos. Essa forma de escrita acontece num suporte específico ( o computador) e tem configurações diferentes conforme a ferramenta que é utilizada.

Muitos professores se preocupam com a contaminação da língua, mas aceitam o estrangeirismo. Os dicionários mais recentes já trazem verbetes próprios de linguagem de computador - como "deletar" ou "chat" - e no futuro poderão incorporar termos utilizados por internautas também.

O professor Pasquale Cipro Neto, gramático e apresentador do programa "Nossa Língua Portuguesa", da TV Cultura, não acredita que eses verbetes empobreçam a língua."Eles são incorporados naturalmente porque é um processo inevitável", diz ele. "O que não pode ocorrer é a adoção de abreviações comumente utilizadas em chats - como tbm (para também), vc (para você) ou abs (para abraços) e bjs (para beijos) - fora do universo da Internet". Pasquale diz que a língua é como roupa. É preciso saber utilizá-la da maneira adequada, de acordo com a situação. "Se não souber, nos dois casos, a pessoa vai passar vexame."

O professor deve trabalhar em ambientes informatizados com seus alunos e mostrar, com atividades práticas, que produzir textos é se comunicar e que cada gênero textual exige uma configuração particular, ou seja, deve estar adequada ao contexto, ao lugar e ao interlocutor.

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